domingo, 19 de outubro de 2008

skyline

Postal


Postal com foto provavelmente do princípio da década de setenta ou fins de sessenta. Apresenta como curiosidades o casario da vila a necessitar urgentemente de requalificação, a variedade cromática de alguns prédios e o extinto hábito da secagem de lençóis no areal pelos moradores próximos.

domingo, 12 de outubro de 2008

Hotel da Guia (II)





Atempadamente foi disponibilizada na obra uma única imagem do futuro Hotel cuja construção está em curso a escassas dezenas de metros do conjunto patrimonial do Museu dos Terceiros e Teatro Diogo Bernardes.
Actualmente já é possível termos uma leitura volumétrica do edifício e seu impacto na envolvente. Independentemente da questão sobre o imbróglio negocial que atribuiu a este terreno capacidade construtiva, procurarei tecer algumas impressões sobre o projecto com base no que nos é dado a conhecer até este momento.
O projecto está a cargo de
Topos Atelier de Jean Pierre Porcher e Margarida Oliveira cuja obra tem forte presença em território limiano, sobretudo no Club de Golf de Ponte de Lima. É da sua autoria o loteamento deste empreendimento, o hotel, o clubhouse e diversas casas aí existentes. Considero a intervenção no Club de Golf notável pelo esforço impresso no sentido de integrar harmoniosamente um programa arquitectónico tão vasto com a paisagem. Esforço que tem sido reconhecido internacionalmente.
O Hotel da Guia segue a linguagem estética que este atelier tem vindo a desenvolver caracterizado pela acentuação de planos horizontais num contraste marcado de sombras. As formas pintadas de branco sob o sol adquirem um forte impacto visual mas que, assumindo essa contemporaneidade, também se adaptam bem ao casario branco da vila.
O corpo dos quartos volta-se para nascente, com varandas com vistas para a vila e perpendicularmente à avenida dos Plátanos. Apesar do edifício se aproximar do arvoredo, tem a vantagem de não cortar visualmente a vista sobre este para quem circula na via de acesso à vila. Este corpo dos quartos tem a particularidade de se "soltar" da cota da estrada demonstrando a vontade dos autores em suavizar a volumetria através da autonomização aparente das várias partes. O piso da entrada (foyer) é desmaterializado através da utilização de amplas superfícies vidradas e que faz a mediação entre o embasamento (que julgo ser estacionamento e serviços de apoio ao hotel). O embasamento será o elemento mais sensível do projecto e provavelmente o menos bem conseguido. Ocupa a totalidade do lote e o seu impacto para quem passeia sobre a avenida é inevitável. No entanto, parece haver uma intenção de relacionar-se com o estacionamento da Guia de uma forma que o apelidado "comboio" não conseguiu. Sendo uma intervenção sensível e que se adivinhava polémica, julgo que os autores souberam lidar com as condicionantes e o resultado final poderá transparecer alguma eficácia. É uma resposta arquitectónica que não oferece novidade, mas sim muita competência nos métodos utilizados para tornar a intervenção o mais "leve" possível.