quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

A roda de relva

Foto: Andre Forget

A roda de relva, um projecto criado por alunos de uma faculdade americana, a Dalhousie School of Architecture, é uma boa metáfora da crescente relação do individuo com os novas expansões urbanas pobres no convívio com a natureza. Desta forma temos um pequeno espaço espaço verde individual, portátil, que poderá acompanhar-nos ininterruptamente.

(http://www.inhabitat.com/2006/07/31/grass-wheel/)

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Toldos

Não é uma questão recente mas há décadas que a vila tem sido demasiado permissiva em relação aos toldos existentes nos espaços comerciais. Em certos casos não têm real fundamento para a sua existência como é o caso das ruas interiores da vila onde não há necessidade de sombreamento e portanto o toldo serve apenas para publicitar a marca de café que patrocinou o mesmo. No caso dos estabelecimentos comerciais voltados ao rio, como acontece no Largo de Camões, é compreensível a existência de algum sistema de sombreamento devido à exposição solar. Porém, nem sempre a colocação destes toldos é aplicada da melhor forma. Isto porque se sobrepõem geralmente às cantarias das portas ocultando a leitura das mesmas na sua plenitude. Noutros casos escondem o labor artístico das varandas como acontece no prédio da havaneza onde estes painéis lhe retiram protagonismo. Sugeria uma solução mais pontual, de painéis à medida do vão interior das portadas libertando as molduras das portas de forma a que todo o piso térreo do Largo de Camões ou do Passeio 25 de Abril possa ser lido de uma forma mais clara.


Situação actual



Proposta

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Belmira

Sob olhar do mais indiferente, a minha obsessão pela limpeza visual e clareza da morfologia urbana pode ser excessiva. No entanto, quando apercebo-me que determinado pormenor poderia ser facilmente melhorado é-me difícil, a cada vez que dobro a esquina, não fixar-me nesse mesmo pormenor e pensar em como todo o espaço urbano beneficiaria. É o caso deste poste de iluminação existente a poucos metros do Palacete Villa Belmira. Sendo este imóvel uma peça decisiva no alinhamento daquele eixo que se estende ao rio, julgo que era de primordial importância a sua leitura ser valorizada. Seria uma intervenção que, aliada à actual (e demorada) recuperação da fachada do palacete, restituiria o seu real valor urbano. Sendo um entroncamento de várias ruas, exigente a uma iluminação eficaz, seria favorável uma desmultiplicação da iluminação por vários pontos de forma a fundir-se mais equilibradamente no espaço e evitar a torre de iluminação.

Situação existente

situação revista

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Periferia


Esta imagem, retratando uma panorâmica da nova expansão urbana da vila, recorda-me uma peripécia relatada por um dos intervenientes do programa Prós e Contras da rtp do último dia 11 de fevereiro. Uma jurista italiana quis visitar as cidades portuguesas. No fim desse roteiro que terminou numa cidade que curiosamente é património mundial (Guimarães), ela comentou que de facto sente-se que Portugal é um país cheio de história e com cidades monumentais e interessantes mas que estavam com periferias desastrosas. O jurista português que a acompanhava tentou explicar, ou desculpar este facto com o argumento de que em Portugal existia muita corrupção e especulação imobiliária ao qual ela respondeu: "mais corrupção do que em Itália vocês não têm, vocês têm é uma extrema falta de gosto".

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Arquitectura Moderna versus Centro Histórico


Ponte de Lima foi sendo pontuada nos últimos anos com obras de arquitectura marcadamente contemporânea. Refiro-me em particular à recuperação do Mercado Municipal, o novo posto de turismo e o Mercado do Gado na zona de S. João. Qualquer arquitecto que intervenha em centros históricos sabe que está perante um presente envenenado. Não é facilmente assimilado pela população um novo objecto estranho no casario antigo. No entanto, as cidades são feitas de sedimentos cronológicos e a vila de Ponte de Lima é formada por pedaços de vários séculos que foram feitos e refeitos num acto contínuo de acrescentar valor ao espaço comunitário num processo de necessidades. A realidade é que muito do que vemos no espaço do centro histórico como valor inestimável e perfeitamente integrado foi na sua época seriamente criticado. Cito como exemplo a construção do Mercado Municipal nos anos 30 sob um estilo "Português Suave" com as suas altas torres nas extremidades e que alterou a fachada ribeirinha da vila. O rasgar da Rua Cardeal Saraiva até ao rio com a demolição de algum casario setecentista e parte do Hospital da Misericórdia não terá sido pacífica. Com este pensamento, sobre o facto destas obras serem assumidamente modernas julgo que não poderiam ser de outra forma. São mais um sedimento, desta vez do princípio milénio, e que são facilmente identificáveis como tal. O modo como o "novo" se integra com o antigo é conseguído através de mecanismos próprios da competência do arquitecto (escala, proporção, materiais comuns ao restante tecido edificado ou valores históricos e da memória colectiva) mas também a criatividade do autor. A arquitectura tem como papel a resolução de problemas concretos das pessoas, da cidade. Coloca questões de forma a valorizar o objecto em causa com uma solução especial que seja simultaneamente funcional, que faça sentido e que seja obviamente materializada com uma solução esteticamente agradável e coerente. Sou assim contra a procura de um determinado arquitecto no sentido da encomenda de uma obra carismática para a cidade onde sobressaem apenas as suas características escultóricas. Não penso que tenha sido este o caso de Ponte de Lima. Nas três obras que citei reconheço-lhes qualidades arquitectónicas de arquitectos com provas dadas no panorama nacional e que procuraram responder a programas e questões concretas. Com alguma distância da sua inauguração procurarei fazer um balanço da sua presença urbana. O Mercado Municipal do arquitecto José Guedes Cruz surge da necessidade de recuperar o degradado mercado e prepará-lo para os novos tempos. Quebra com o conceito tradicional de pátio fechado onde aconteciam as trocas tornando-o mais transparente através de uma praça que se prolonga para o exterior. Concentrou a intervenção num estreito volume forrado a cobre que o insere de forma inteligente no ambiente cromático da Avenida dos Plátanos. Interessante a forma como este volume de dimensões consideráveis tem um ar efémero, parecendo facilmente desmontável. No entanto vimos definhar toda a dinâmica existente como mercado muito provavelmente por ter-se quebrado com a tipologia de pátio e o equipamento ter sido pensado para a recepção de outros eventos, talvez prevendo uma extinção no futuro como mercado. O posto de turismo do arquitecto João Álvaro Rocha, entre o Arquivo Municipal e o Paço do Marquês, surge da ideia de ligação do Largo da Lapa à cota baixa. O que inicialmente seria um projecto de arranjo urbanístico acabou num pequeno edifício de apoio ao turismo sem que o acesso ao Largo da Lapa tenha sido desenhado de forma eficaz. Porém, este equipamento tem vários pontos positivos na forma como cria novos acessos e atravessamentos ao Arquivo Municipal e ao Paço do Marquês através de um terreno estratégico. A meu ver este edifício insere-se bem no pré-existente com a sua escala e uso de materiais presentes no centro histórico. E se é verdade que o faz de uma forma egocêntrica, atraindo para si as atenções, também o faz valorizando o antigo num jogo de contraste entre gerações. No seu topo, esta intervenção oferece à vila uma belíssima praça enquadrando adequadamente a fachada sul do Paço do Marquês. Pena que para o efeito tenha-se forçado demasiado a inclinação da escarpa contígua à rampa de acesso. Por fim, temos o Mercado do Gado do arquitecto José Manuel Carvalho de Araújo. É uma obra térrea inserindo-se naquela zona predominantemente horizontal. Tem um carácter algo "bruto" na sua concepção com a utilização do betão arquitectónico de forma a responder às exigências de manutenção da actividade a que se propôs; alojamento de gado e outros animais. A lado negro que percorre estas três obras é o facto de todas estarem marcadas por uma grande ambiguidade funcional ou terem uma actividade sazonal. O Mercado Municipal não funciona eficazmente para o efeito mas também não se tem tirado partido das potencialidades daquela grande praça coberta. O Mercado do Gado, pelo contrário, tem servido de pretexto para todo o tipo de eventos. A meu ver alguns dos eventos não se compatibilizam com o espaço; é o caso das feiras do livro ou do artesanato onde me parece insólita a sua convivência num espaço de ar industrial, parca em iluminação e incapaz de rivalizar com a dinâmica da Avenida dos Plátanos. O posto de turismo está geralmente encerrado e é compreensível o desnorte quanto à função a atribuir quando a escassos metros temos o Paço do Marquês com área suficiente para albergar todas as actividades. O maior inimigo de qualquer edifício é a sua inactividade. Como sabemos hoje existe um tipo de turismo em franco crescimento que é o do roteiro das obras modernas de arquitectura como património. Ponte de Lima entrou neste roteiro com estas obras que foram bastante divulgadas e premiadas na imprensa da especialidade. Neste sentido considero uma aposta ganha da Câmara Municipal pela sua coragem em investir num tema tão sensível e sobretudo tão caro aos autarcas. A este roteiro conseguimos incluir também obras de iniciativa particular como o conjunto arquitectónico do Club de Golf, as duas casas do arquitecto Eduardo Souto de Moura, a recuperação do Mosteiro de Refóios do arquitecto Fernando Távora entre outras. Intervenções no território que credibilizam e sedimentam a urgência de uma arquitectura competente para a nossa comunidade.


Jornal Alto Minho (14-02-2008)

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Ponte de Lima


Encontrei este interessante texto sobre Ponte de Lima de uma jovem arquitecta em que nele registou a sua passagem pela vila:

ponte de lima

Para dizer como arquitectura preenche a vida. O acto de construir. Construir como acto que se inicia na concepção e termina muito depois da obra acabada. Construir como acto que se inicia antes da concepção, no envolvimento cultural com o sítio. Siza. O sítio – paradigma da nossa – minha - formação. Hoje a cultura do lugar parece que passou de moda. Agora que provavelmente ela deveria estar muito mais presente, não como a defesa contra o global, assim explicitamente defendida pelas correntes do poder, mas como algo que nos identifica globalmente, sem preconceito e sem xenofobias. Contra a tentação da marca e do comércio. Contra a afirmação do arquitecto e mais pela afirmação do construtor. Hoje saber construir significa, antes do mais, interpretar para apagar e não para marcar. Encontrar o lugar que, de um modo indelével, tem que ser tocado pela mão do homem para emanar um novo significado. Passeei em Ponte de Lima, com um rio cheio e lasso, onde se lia corrente, que teimava em contrariar a sua denominação de rio morto. O Lima estava cheio, vital. Os patos-reais deixavam-se ir ao sabor da água e levantavam voo rasante por entre as árvores e arbustos submersos pelo meio. Os pescadores, equipados e cantantes, debatiam-se com a corrente à espera das trutas. Os muros húmidos mostravam texturas e cores feitas de inertes e da vida dos líquenes, dos pequenos malmequeres, dos musgos e das violetas bravas.A água da chuva reluzia nos campos verdes e planos já sem os testemunhos das culturas tradicionais. Restam pequenos pontos brancos desenhados pela flor da couve galega e a amarela dos grelos e dos hortos. Os muros também eram ruínas. O tempo parou por entre os nossos passos contínuos ao longo da margem debaixo do olhar cirúrgico de arquitectos… e não só. Porque neste não só, estará o limite para aquilo que o arquitecto anseia fazer, marcar o lugar. Estará o bom senso de nos entendermos enquanto prolongamento do natural, culturalmente moldados, para dele sabermos colher toda a sua força vital.

Maria

http://conta-mina.blogspot.com/2006/03/ponte-de-lima.html

domingo, 10 de fevereiro de 2008

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Clarabóia



O prédio que alberga a Pastelaria Princesa e o Restaurante "Celeiro" será transformado num hotel de quatro estrelas. Um dos prédios mais interessantes do centro histórico será finalmente restaurado para uma função que esperemos que o dignifique. Apreensivo com a futura recuperação deixo registado neste blog a sua clarabóia.

André da Rocha


Numa das minhas pesquisas cibernáuticas fiquei surpreendido com a existência de uma pequena cidade com o meu nome no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. A história diz-nos que o nome é uma homenagem ao primeiro juiz comendador da comarca, o Dr. Manoel André da Rocha (1860-1942) que participou activamente na defesa do município que se tinha tornado reduto republicano durante a Revolução de 1893. Segundo a wikipédia, os andré da rochenses contam com 1260 habitantes e 329,736 km2 de área. A foto corresponde a um cartaz anunciando a 7ºa exposição de agro-pecuária na cidade que decorreu em 2007.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Violoncelo


Se passearmos pelo centro histórico da vila de olhos voltados para o último piso dos prédios podemos ser surpreendidos com pequenos pormenores. Este é um curioso elemento arquitectónico em forma de violoncelo na transição entre duas águas furtadas . Para os menos atentos isto acontece na travessa entre a Rua da Abadia e Rua da Matriz mesmo contígua à igreja.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Inverno


Inverno...quando os frondosos plátanos não têm energia para esconder os erros..

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Sócrates

fonte: Publico.pt

O primeiro-ministro que tanto esforço dispensou para termos em Portugal cidades com mais qualidade de vida e ambiental (Programa Polis), admirador confesso do arquitecto Álvaro Siza Vieira; José Sócrates demonstra nesta obra supostamente projectada por ele próprio, o seu bom gosto e contributo valioso para a sua cidade natal.