quarta-feira, 12 de março de 2008

recuperação-ampliação



Este prédio, na nova zona urbana da vila, optou pela não destruição de uma casa rural pré-existente o que à partida é de salutar. No entanto, este acto de boa-fé traz consigo atitudes contraditórias. A casa rural tem agora um "anexo" acoplado maior do que ela própria e que desvirtua a sua tipologia original. O "anexo" é um prédio de habitações em banda num pastiche de uma arquitectura típica do séc.XIX mas ainda assim sem analogias formais ou materiais com a casa rural.
Assistimos ainda a uma falta de cultura e sensibilidade de quem promove, de quem desenha e de quem aprova empreendimentos que, pensando estarem a cuidar e valorizar o património, confundem reconstruir com reconstituir. E quando reconstituem fazem-no falaciosamente através de uma forma de construir moderna mas cujo resultado final pretende passar como antiga, instalando a confusão entre o real e o postiço. Temos assim uma arquitectura portuguesa secular, que ao sofrer recuperações introduzindo novos elementos pseudo-antigos, falseando elementos originais, adulterando dimensões de vãos, adaptam esta arquitectura às condições de vida moderna da pior forma; apagando e desvirtuando pedaços do nosso património.

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