segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
Arquitectura desaparecida em Ponte de Lima (I)
Iniciarei neste espaço uma série de "posts" dedicados a exemplos de arquitectura que por incúria, pouca consciência do valor patrimonial e do impacto no tecido urbano ou até por questões económicas, foram desaparecendo da nossa urbe.
Dividirei os vários exemplos tratados em duas categorias. A primeira refere-se a edifícios ainda existentes onde os restauros sucessivos desvirtuaram ou demoliram elementos como águas furtadas, clarabóias ou até vedações. Normalmente estes elementos caracterizam-se por um acelerado desgaste ao tempo devido à sua natureza construtiva com a utilização do ferro e madeira. Por outro lado, o uso destes dois materiais permitia uma execução formal e decorativa mais rica e ambiciosa do que o granito. O custo oneroso da sua manutenção ou a sua eventual demolição com o tempo originou a sua não reconstituição no eventual restauro que urgia. Entretanto a memória colectiva não foi capaz de transportar consigo estes pequenos pormenores da vila que hoje o espectador mais atento não negligenciaria. Restam as antigas fotografias, algumas a fazer juz ao apurado sentido estético da centúria de oitocentos em especial e que permitem-nos sonhar com a oportunidade ou viabilidade de uma restituição.
A segunda categoria refere-se a edifícios com um certo valor arquitectónico que foram integralmente substituídos por outros mais recentes ou desvirtuados na sua quase totalidade. É o caso da envolvente do Largo de S. José ou o Bloco Martins defronte à Fonte da Vila.
As antigas peças de arquitectura que se integravam com naturalidade na traça arquitectónica dominante na vila foram substituídas por uma nova arquitectura ingenuamente modernizadora e uma excessiva massa construtiva que não tiveram a sensibilidade de "fundir-se" harmoniosamente com a envolvente. A imposição de uma nova realidade urbana nos anos 60 e 70 que pretendia acompanhar o crescimento e modernização de outras cidades não teve, apesar de permaneceram como objectos não assimilados pelo tecido urbano da vila, o resultado desastroso presente noutros centros históricos pelo país. Nesta categoria é difícil pensar na restituição integral do antigo edifício. Por um lado os registos fotográficos apenas espelham a sua fisionomia exterior e facilmente estaríamos a reconstruir uma falácia sem sentido. Por outro lado a simples previsão de demolição dos actuais edifícios trariam consigo dramas sociais desnecessários e que tão bem conhecemos da vizinha Viana do Castelo e o seu prédio Coutinho. Julgo que uma das soluções que poderemos impor futuramente a estes casos será o redesenho da fachada de forma a suavizar a sua integração sem que para isso tenha de esconder a sua modernidade.
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