quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Arquitectura desaparecida em Ponte de Lima (VIII)





Largo da Feira até 1930
Largo da Feira (anos 1980)

Largo da Feira até 1930


Largo da Feira (anos 80)



Esta será das intervenções mais radicais efectuadas no centro histórico de Ponte de Lima e frequentemente esquecida pela população em geral. No entanto, após tomar conhecimento deste facto, é difícil não imaginar, a cada vez que atravessamos o Largo da Feira, que todos os prédios confrontantes têm um piso aterrado abaixo dos nossos pés.
Até 1930 o Largo da Feira processava-se sensivelmente à cota do areal comunicando com o Largo de Camões através de uma estreita escada no paredão. A ponte relacionava-se proximamente com estas habitações e apresentava-se com mais dois arcos visíveis. É curioso o facto de que, até 1930, o passeio interligava-se directamente com a Avenida de S. João através da passagem sob os arcos da ponte (momento recuperado com a nova intervenção do areal, embora nesta última, a ponte medieval pareça um obstáculo no percurso e não uma das razões). O aparecimento do automóvel obrigou à necessidade de um desafogo na entrada da ponte medieval a partir do Largo de Camões. O rés-do-chão destas habitações viradas para o Largo da Feira eram regularmente fustigadas por cheias do rio Lima. A câmara municipal procedeu ao aterro de dois dos arcos da ponte e do piso térreo destas habitações, passando o Largo da Feira a funcionar nivelado com o Largo de Camões. Numa das fotos apresentadas as obras de aterro encontram-se já em execução. Constituía um momentos mais interessantes do casario do centro histórico, com os prédios a relacionarem-se de forma diversificada com as várias ruas. Um espaço urbano que processava-se a duas alturas simultaneamente. Após este aterro a frente da vila ganhou um paredão excessivo que quebrou a relação entre o Largo de Camões e o Areal, facto que ainda hoje se verifica.


planta e fotos: Ontem-Hoje, O Largo da Feira, Revista Arquivo Municipal de Ponte de Lima

1 comentário:

Carlos Gomes disse...

A avaliar nomeadamente pelos automóveis, as fotos mencionadas como sendo dos anos 80 deverão ser de facto do início dos anos 70 ou mesmo anteriores. De resto, creio que o Posto da Polícia de Viação e Trânsito que se encontra à esquerda, numa das fotos, já em meados dos anos setenta servia de posto de venda de jornais e artigos afins.
Colocando de lado este pormenor, a questão do passeio coloca o problema da intervenção anteriormente efectuada ou seja, nos começos do século XX uma vez que também ele não existia à altura em que as muralhas da vila foram derrubadas pelos "arautos do progresso". Nessa perspectiva, deveríamos então recuperar o que ainda é possível ou seja, desenterrar o que resta da ponte que se encontra sepultada no Largo de Camões. Recordo que, por volta de 1983, comecei através do jornal "Cardeal Saraiva" por chamar a atenção para o interesse em recuperar as ameias da ponte que eté então se encontravam abandonadas no leito do rio Lima, o que só veio a verificar-se muito anos decorridos...
Importa saber a partir de que ponto se deve recuperar o património uma vez que, como qualquer monumento, é objecto de sucessivas intervenções ao longo da História.