quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Quando a arte se torna numa ratoeira

Ponte de Lima, na sua estratégia de desenvolvimento assente na dinamização dos produtos locais, passou para o bronze algumas das actividades mais típicas colocando as obras a adornar o passeio ribeirinho que é um verdadeiro cartão de visita da velha vila.

Um dos monumentos mais recentes daquela marginal corporiza, em bronze, uma homenagem ao mundo rural, representando numa só peça um conjunto de actividades tradicionais no amanho da terra neste concelho que tem na preservação da paisagem uma das suas maiores valias ambientais.
Esta peça, com uma junta de bois a puxar a tradicional charrua, o homem nas rabiças do arado e a mulher na soga do gado, e uma outra mulher a ceifar o milho, tem dado para observar das situações mais insólitas e também as mais desagradáveis com algumas consequências, mais ou menos graves, para quem se aventura a passear pelo meio das figuras.
As diferentes peças escultóricas estão assentes sobre um lagedo em granito ao mesmo nível do passeio e com uma ligação a este. Torna-se, portanto, convidativo o passeio para melhor observar os pormenores escultóricos de cada figura em tamanho natural.
A armadilha está na altura deste patamar em relação à nova ciclovia que atravessa o areal.
Algumas pessoas, neste passeio pelo meio das esculturas, são apanhadas desprevenidas por este desnível, sem qualquer protecção, e têm sido várias a sofrer as consequências de um trambolhão com mais de metro e meio. Já houve quem partisse um braço, quem tivesse ficado inconsciente, o que obrigou à intervenção do INEM, entre outras sequelas.
Câmara e escultor já encetaram diálogo com vista a uma solução que torne mais seguro aquele monumento sem desvirtuar a sua estética. Até lá previna-se... se for a Ponte de Lima.

[Publicado no DM de 31.01.2011]

3 comentários:

Carlos Gomes disse...

Ainda há espaço em Ponte de Lima para mais bonecos?!
Será que estas alegadas "esculturas" poderão considerar-se obras de arte? Qual o seu real valor artístico? O que se pretende transmitir com tais "obras de arte" para além de procurar sugerir - a quem? - uma ideia de grandeza e de "movida" que não corresponde à realidade? Será que Ponte de Lima é mais "cidade" e mais importante apenas porque passou a ter mais bonecos plantados na via pública, mais mobiliário urbano espalhado indiscriminadamente e mais prédios "paralelipípedos" a fazer concorrência discreta com Viana do Castelo no título de "Meca da Arquitectura"? Se é de uma Meca que pretendem fazer Ponte de Lima esperarão certamente colocar todos os limianos de cócoras!...

Monalisa disse...

Ohhhhhhhh!

antonio disse...

Infelizmente para mim e para a minha Família, vimos tarde demais esta justa chamada de atenção para o perigo que correm as pessoas que visitam estas novas esculturas colocadas no passeio ribeirinho de Ponte do Lima.
Ainda não tive oportunidade de as visitar no local, mas segundo me diz quem já as visitou, existe de facto uma altura considerável de um dos lados da respectiva plataforma sem qualquer protecção.
O meu saudoso e querido Pai, que era uma pessoa saudável, visitou-as no passado dia 10 de Abril, caiu nesse local, o INEM levou-o para o Hospital e faleceu 5 dias depois.
Posteriormente, pouco mais de mês e meio depois, tive conhecimento que foram lá colocadas as respectivas protecções.
Ora eu penso que, a própria lei não permite que nesses casos se abra uma obra dessas ao público sem estar devidamente protegida,mas neste País à a sina de que, para se cumprir a lei é preciso morrer primeiro alguém.
Neste caso do meu Pai, tenho a esperança de que a culpa dos responsáveis pela sua morte não vá morrer solteira, como infelizmente neste País muitas vezes acontece.

António Rodrigues